31 julho 2014

Escrever faz bem!


A Gabi tem um blog com um nome muito especial: tudo que faz bem!
A Gabi e eu temos um livro em parceria que se chama Piquenique no Jardim. É um livro de poemas (meus) e receitas ( da Gabi).
A Gabi é nutricionista, eu sou poeta e nós achamos que poesia acompanhada de  receitas gostosas e nutritivas fazem bem ao corpo e à alma. O livro tem lindos desenhos do artista plástico Alfredo Aquino. A arte faz bem, a arte nos faz melhores seres humanos.


Eu morava numa avenida movimentada e era feliz ali, onde vivi muitos anos e criei  meus filhos. Porém, não conseguia escutar o silêncio. Meu marido e eu decidimos mudar para uma casa próxima ao rio, onde há pássaros, grilos, vaga-lumes e outros bichinhos. Um encantamento!
Foi assim que encontrei um lugar que me fez muito bem. A proximidade com a natureza, a pequena horta, os cães me propiciaram descobrir coisas que, no corre-corre dos dias, não conseguia ver.
Desde pequena, gostei de escrever, mas só fui me dedicar à escrita depois que meus filhos já estavam crescidos.
Cada pássaro, cada flor se transformava num poema!
Escrever me faz bem, escrever poesia me faz um bem enorme!
Cada poema é uma descoberta, um espanto!
“A palavra é um instante
que rasga o silêncio
e costura o poema”


Reproduzo abaixo  um poema do meu livro de poemas “Ave, flor”, que sintetiza o que é, pra mim,  poesia:

Lição de poesia

Com o poeta aprendi a delirar os verbos, inverter o sentido das palavras e subverter os pronomes.
Às noites desamanheço e ouço o brilho das estrelas.
Pela manhã, conto os sóis, assunto os vaga-lumes, guardo minhas asas e alço voo sem sair do chão.
Quando desanoiteço, já é meio-dia e tenho fome de árvore. (Tem gente que não sabe o que é fome de árvore!)
Há hora que desassunto e canto canção de ensinar fome. Aí desinvento os astros e choro poemas.
Tu escutas cheiros. Nós enxergamos o murmúrio do mar. Eles cheiram o andar do jabuti. (Como é ligeiro!)
Eu é soma de quem? Tu te vês em mim? Eles, quem somos? Ali é longe?
Eu quero-quero? Tu andorinhas?
Eu não respondo perguntas.
(Meu saber ainda não nasceu.)
Eu escuto o silêncio das respostas.

Escrever poesia  faz bem!

Cleonice Bourscheid

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